Escudam a reacção,
Soltam-se as pedras do chão
Para fazer barricadas.
Guilherme Braga
Quando raiar finalmente
A aurora da liberdade,
Que com certeza não há-de
Agradar a muita gente...
Eu, que me mostro indiferente,
Ás políticas farsadas
Quero ver se transformadas
Em tragédia acabarão;
Se vence a Revolução
Se as baionetas armadas.
(...)
Contra a fera tirania
Que nos intenta esmagar,
Vai tudo armado marchar
Sem temos, à luz do dia;
Com tamanha valentia
Que até milagres farão!
E com firme coração,
Para opor uma defesa
Às balas da Realeza,
Soltam-se as pedras do chão.
Horas de Saudade, Manuel Francisco Soromenho, 1901